domingo, 12 de julho de 2009

SARAU DO LABORATÓRIO (IX)

AUTO-RETRATO

cores quentes
expressam a rotina instigante:
nos esfumaçados refratários
cores frias
viam cair a noite
minguada de estrelas

o negrume ofusca
o lume do dia
valores perdidos
diluindo-se nas ruínas
ruídos: gritos e gemidos
múltiplos e marginais
no estalar estonteante
tiroteiam túneis
transitam no tráfego
tinindo nas ruas
tísicas

trepidam os refratários
dos quadrados verticais
perturbam o repouso
dos fatigados
arrepia a espinha
num sono agitado

tinge-se de vinho tinto
uma fatia
de minha pintura
pra encobrir meus
dejetos-delitos
a fatia apodrecida
do intestino fino
que foi infectado

olho o óleo na tela
de olho na trama
que urdi em crua arte
suspiro ressentida
com minha suposta
magnitude

(Poema de Maria Alice Vasconcelos)

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