segunda-feira, 18 de março de 2013

















(poema de Celso Vegro)













Truculento Alfa Romeo

Fenemê para os íntimos

Sob a traseira do chassi dois eixos

Já que lentíssimo trucado

E último dos motores

Da extinta fábrica nacional de moluscos

Pois grande Caracol

Se ali dois eixos aqui dois sexos

Totais umas vinte toneladas

Com a espiralada concha calcária

Quando sob carga cerrada

De caixas em papelão-couro

Com alfarrábios capas outrora duras

E respectivas traças ou lepismas

& pois enorme Lesma

Se lá trucado cá bissexuado

Uns naturais dez mil quilos

Sem concha alguma calcária espiralada ou não

Quando já isso sim descarregado

Dos caixões em policloreto de vinil

Com vermes necrófagos e inerentes hospedeiros

¿Cadáveres de alfarrabistas

Em prematuros processos de decomposição?

(poema de Fabrício Slaviero)

domingo, 17 de março de 2013

Dinamismo - ou o bloco de máquinas socialistas
















Dínamo de Moscou

Dínamo de Kiev

Dínamo de Minsk

Dínamo de Zagreb

Dínamo de Tbilisi

Dínamo de Bucareste

Dínamo de Tallinn

Dínamo de Dresden

Dínamo de Berlim

Dínamo de Tirana

Dínamo de Dushanbe

Dínamo de Samarcanda

Dínamo de Ceske Budejovice

Dínamo de


(de quantos dinâmicos clubes

fez-se a ludopédica indústria

do então pesadíssimo bloco?)


(Poema de Fabrício Slaviero)


Cala Gonone






















I- rastro à deriva
navega nos ventos
do mediterrâneo e calcário

II- verde azul clareia
epiderme, fios, escama

III- falésias rasgam oceano
salgando o tempo
de gosto SARDO

IV- brusco impulso na pedra matéria
de textura imprecisa
dessemelhante curvatura

V- dedos perfuram faces
epidérmica corrosão
onde farelos de magnésio pintam movimentos

VI- músculos tencionam na ferocidade da fratura
delineando o caminho técnico-lírico-dramático

VII- o flagelo é êxtase nos ossos da nuca,
no antebraço, nas entranhas

VIII- entre resvalos, fendas, arestas,
a música mais intensa é o corpo

IX- aderido em forma de granito, calcário ou solidificação de magma
tornando-se ROCHA

X- e de cima, no cume, cheiros se misturam, o sol ofusca
o invisível se imagina e o silêncio cura.  

(Poema e foto de Marcela Cividanes Gallic)